A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, anunciou semana passada que renunciará ao cargo.
No seu discurso, Jacinda explica que não adianta ficarem especulando sobre os motivos dessa decisão, quando ele é na verdade muito simples: “(...) o único ângulo interessante que você encontrará é que, depois de enfrentar seis anos de grandes desafios, eu sou humana. Os políticos são humanos. Damos tudo o que podemos, pelo tempo que pudermos, e então é a hora. E, para mim, é a hora"
Algumas fontes, como o The Guardian, afirmam que " a difamação constante, os abusos e ataques pessoais" levaram a líder ao esgotamento.
A ex-primeira-ministra Helen Clark afirmou que Ardern sofreu ataques sem precedentes durante o seu mandato.
A Nova Zelândia perde, a comunidade feminina perde e o mundo mais uma vez reflete que a caminhada para inclusão das mulheres em posições de poder dá 1 passo para frente e dois pra trás.
Recentemente, a consultoria Mckinsey & Company emitiu relatório com estudo sobre as Mulheres no Mercado de Trabalho 2022 (“Women in the Workplace 2022”).
Segundo o relatório (que abarcou centenas de empresas e milhares de mulheres de diversas etnias, idades e opção sexual nos Estados Unidos), apesar de tímidos avanços em direção da diversidade nos últimos 8 anos, as mulheres ainda são extremamente pouco representadas no mercado de trabalho (os números pioram muito quando falamos de mulheres não brancas).
Além disso, estamos presenciando a maior taxa de mulheres líderes se demitindo se comparados aos últimos anos, movimento que tende reduzir ainda mais as taxas de representatividade das mulheres em posição de liderança no mundo.
Segundo a Mckinsey isso se deve porque as mulheres, apesar de serem tão ambiciosas quanto os homens “são mais propensas a sofrer micro agressões depreciativas, como ter seu julgamento questionado ou ser confundida com profissionais menos experientes. Elas estão fazendo mais para apoiar o bem-estar dos funcionários e promover a inclusão, mas esse trabalho crítico está sobrecarregando-as e quase sempre compensa. E, finalmente, é cada vez mais importante para as mulheres líderes que trabalhem para empresas que priorizam a flexibilidade, o bem-estar dos funcionários e a diversidade, equidade e inclusão.”
Adicionalmente, de acordo com o estudo, 43% das líderes mulheres chegam ao burnout comparadas a 31% dos homens que estão no mesmo nível da carreira.
Com isso, estamos presenciando um êxodo das líderes mulheres que estão preferindo trabalhar menos horas, buscando profissões que as façam sentir mais realizadas e empresas que valorizam o bem-estar dos profissionais e a diversidade.
Um ponto que chama a atenção no relatório é que um dos motivos para as mulheres procurarem empresas que garantam a flexibilidade é que isso as facilita lidarem com as agressões que sofrem no dia a dia do trabalho.
As empresas que querem garantir a representatividade das mulheres em posição de liderança têm trabalho pela frente. E o motivo para que elas devam querer isso não é apenas social, é uma questão de performance e competitividade.
Em estudo anterior “Diversity Matters” de 2020 a consultoria McKinsey mostrou que organizações que possuem equipes executivas com equidade de gênero têm mais chances de superar a performance dos concorrentes.
Precisamos de mais dados para demonstrar a relevância do assunto? A sua empresa está preocupada com essa realidade?